segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Humildade e ambição

Tenho um médico, que mais que médico é um professor.  Faço visitas mensais a ele, claro, para acompanhar minha saúde, e mais, para ouvir as palavras sábias dele, que tem a sua essência muito simples, mas que tem um sucesso profissional invejável, acompanhado da felicidade de saber valorizar as conquistas e merecê-las, principalmente. Sempre que conversamos, eu saio pensando nas coisas que ele me diz. Na última conversa, ficamos quase duas horas falando sobre humildade e ambição.

Chega a um ponto da vida que a felicidade não está mais relacionada ao quanto você tem e conquistou. Você pode ter uma bela fortuna, e não ser feliz. Claro que não é regra, mas é o que temos visto cada vez com mais frequência. Os mais invejados profissionais, excelentes no que fazem,  milionários e bem sucedidos, mas sem vida, sem alegria, com problemas de saúde, psicológicos, de relacionamento. Pra que isso? Pra ter mais que o outro, mais que os amigos, mais que o vizinho? Mais que o inimigo?

E falta o que? O mistura da humildade com a ambição. Na minha opinião.
 
A humildade. A primeira e mais importante,
Humildade pra enxergar os meus defeitos, meus erros, minhas atitudes, a forma como estou sendo percebido pela empresa, pelos chefes, subordinados, esposa, filhos. Humildade para tentar entender as demandas que pareciam malucas, pedir ajuda quando via que o prazo era muito curto, humildade para chegar e falar ao chefe que não era competente para executar tal tarefa. Humildade para tratar todos, da mesma forma, a diarista, o porteiro, o diretor, o presidente da república, o Dunga. Humildade para parar, descansar, dar tempo ao corpo, dar atenção à família, aos filhos, a você mesmo. Difícil ser assim, né? Ser humilde requer mais do que força de vontade, tem muito a ver com os princípios de vida que você leva contigo. Vemos o tempo todo profissionais arrogantes, cheios de pompa, donos da verdade, e isso de certa forma, molda as nossas atitudes. Começamos a ficar desta forma, depois que vemos nossos chefes agirem, nossos familiares agirem, nossos amigos agirem, as celebridades agirem... tudo errado. Uma distorção completa dos princípios.
Humildade tem a ver com a forma que você conduz a sua vida, afinal, não viemos ao mundo somente para acumular riquezas materiais e poderes. Isso é importante, mas não é o objetivo essencial, criamos este objetivo para suprir alguma falta e o que te faz falta, não é material. Obter riqueza é ótimo, construído de forma correta, e sempre tendo em mente que a felicidade não depende dela, e que é somente um complemento. Vida simples.

E a ambição, hein? Aquela ambição boa, que te faz querer crescer, desejar alcançar algum posto de liderança, uma qualidade de vida melhor, aquele conforto extra pra família, a oportunidade de viajar e conhecer novos lugares, culturas, etc. Não a ambição de querer sempre mais e mais, sem limites, sem princípios, não se importando com obstáculos, doa a quem doer. Não.
A ambição tem que servir pra te motivar. Eu quero ser o melhor profissional deste segmento, vou me preparar para isso, vou criar a rede de relacionamentos que eu preciso, vou atender bem meus clientes, enfim, vou me diferenciar, vou inovar, vou surpreender. Fazer a diferença. Tudo no seu tempo, respeitando os limites pessoais. Se não der pra ser tão rico quanto o Eike Batista, paciência. Seja o melhor que você possa ser, contanto que seja feliz.
Ter as coisas materiais, sim, quando sentir necessidade delas na sua vida, não por ego, muito menos por vaidade.
Ter a ambição de ter as coisas mais importantes, a família, os amigos, os parceiros profissionais, os empregados, felizes, com saúde e realizando seus sonhos.

A junção da humildade com a ambição cria um profissional interessante, aquele que é popular, no sentido de ser acessível, mas ao mesmo tempo é admirado, é simples no modo de viver, mas ao mesmo tempo arrojado nas atitudes e decisões, é dedicado para ensinar os subordinados, mas ao mesmo tempo sempre tem uma idéia nova para contribuir com a empresa, trata a todos com gentileza, mas ao mesmo tempo se precisar, vai a uma reunião de diretoria e expõe as suas idéias sem medo, que trabalha com afinco e foco, mas que tem o horário certo para parar e aproveitar a vida.
Um combinação interessante. Mirando o topo sempre, mas sem esquecer dos princípios que nos dão sustentação e trazem a verdadeira felicidade.

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