segunda-feira, 31 de maio de 2010

Qual o seu diferencial?

Recentemente a revista Veja publicou uma matéria onde mostrava uma estatística muito interessante, 50.000 brasileiros por ano tornavam-se milionários. E, com muita coerência, elencou algumas “lições” de sucesso para serem seguidas e principalmente, servirem de incentivo para uma autoanálise, pessoal e corporativa.

Lição 1: Crie um produto exclusivo
Lição 2: Inspire-se nos líderes
Lição 3: Entregue mais do que eles pedem
Lição 4: Seja original
Lição 5: Antecipe-se as tendências
Lição 6: Seja radical
Lição 7: O regional é global
Lição 8: Descubra um nicho
Lição 9: A classe C quer tratamento A
Lição 10: Produza em vez de revender
Lição 11: Um dia a maré sobre. Prepare-se.

Como está a sua empresa, ou a empresa que você trabalha? Você enxerga que ela possui pelo menos 8 itens dos 11 acima? Se não, preocupe-se, se a sua empresa não for monopolista ou estatal, ela terá sérios problemas a médio e longo prazo.
As dicas acima não se encaixam apenas a pessoas que enriqueceram, são uma visão bem direta de como deverá ser a interação das empresas com mercado. Não dá mais para achar que o que o fundador da empresa fez vai valer para sempre. A idéia dele quando criou a empresa foi ótima para a época, sem dúvida, mas a companhia precisa ser reciclada, oxigenada e isso só ocorre com inovação e boa dose de visão de mercado. As informações estão todas soltas, ao alcance das mãos, mas é preciso tirar a mão do bolso para poder pegá-las.
Quantas empresas você conhece que, só por terem um produto diferenciado ou por prestarem um serviço de primeira necessidade, acham que não precisam evoluir, tratar com respeito seus clientes, inovar, melhorar processos, etc? Praticamente todas, não?
(Lições 2, 3, 5, 8 e 9 num case só): Conversando com uma amiga nesta semana, fiquei espantado como uma das maiores operadoras de telecomunicações do mercado trata um de seus melhores clientes. Ela gasta com esta empresa no mínimo 10x mais que a grande maioria dos clientes e recebe um tratamento que ninguém merecia receber, nem o cliente que só recebe ligações, pois até esse é rentável para a operadora. Ela precisava contestar cobranças indevidas, já recorrentes a pelo menos 6 meses e foi alvo de sarcasmo, falta de educação e desrespeito por parte dos atendentes da operadora. Vamos analisar... um cliente de alto consumo, liga para contestar um “erro sistêmico” da operadora, e esta por ser grande e poderosa, ignora uma informação estratégica (sim, uma reclamação é uma informação estratégica, que deveria ser analisada e valorizada, são poucos os clientes que reclamam, deveriam ser premiados!). O tratamento desta informação poderia ser o grande ponto de diferenciação dela para as concorrentes. Um erro corrigido e reportado para melhoria definitiva, significa muito mais do que um cliente satisfeito, significa menos tantos outros clientes ligando para reclamar insatisfeitos pelo mesmo problema, menores custos de atendimento, melhores índices de avaliação do mercado, custo de aquisição de clientes menor, enfim, quanto menos tempo e dinheiro perdidos para resolver problemas, mais tempo e dinheiro poderiam ser investidos na criação de novos serviços, melhoria de processos, estreitamento no relacionamento com os clientes, inovação, e principalmente, para os “surpreender”. Anotem esta palavra, SURPREENDER, você ganhará muitas vezes o mesmo cliente e muitos outros que ele indicará se aplicar este verbo nas suas atitudes e da sua empresa.

Mãos a obra! Surpreenda.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A emoção que muda as prioridades e ignora valores

Manchete tão sonhada pelos brasileiros: "Brasil confirmado como país sede da Copa de 2014".
Bacana, não? Do ponto de vista de divulgação da marca Brasil no mundo e oportunidade de crescimento do turismo, sim, inegável. Mas será que é o momento certo? Temos tantas outras prioridades... Todo mundo sabe disso, o governo sabe disso, as pessoas sabem disso, mas aceitaram deixar para depois o que nos é gritante como a falta de segurança, a calamidade na saúde pública, a sucateada malha viária brasileira, a educação precária...
Vejam como é simples. O que você priorizaria para os seus filhos? Eu priorizaria educação, saúde, segurança, oportunidades de emprego, cultura, esporte, etc. Por que para o governo a prioridade não é essa? se ele é o "contratado" por nós, gerindo os recursos oriundos dos impostos que pagamos, para nos fornecer estas prioridades de forma coletiva utilizando dos benefícios do ganho de escala?
Onde entra a saúde, a educação de qualidade, a segurança, nos investimentos para a Copa? Mudaram as prioridades? Como assim? A Copa estava no discurso dos candidatos nas eleições e eu não vi? Ahhh... inverteram as prioridades mesmo.

Nesta semana, outra manchete: "Governo e município encontram solução para investir dinheiro público em estádio privado para a realização da Copa. Dinheiro poderia vir de estatal de energia elétrica".
Eu li e imediatamente fiquei indignado. Não posso estar lendo isso, o dinheiro do povo sendo investido num bem particular para realização de um evento que nem deveria estar acontecendo aqui? Inacreditável. E mais inacreditável é um certo Deputado, líder do projeto, alegar que o investimento será bom para as duas partes, clube dono do estádio que receberá o investimento e a estatal fornecedora de energia elétrica. Não precisa ser nenhum doutor em marketing, mercadologia ou economia para saber que uma estatal, monopolista e com 100% de penetração no mercado, NÃO VAI ter retorno algum com este tipo de investimento. A não ser que ela queira valorizar a sua marca para ser privatizada.

Queria chegar num questionamento, por que não termos um plano de desenvolvimento baseado em pilares de sustentação econômica e social, durante duas ou três décadas, e após isso, resolvidos todos os problemas sociais, estruturais e políticos, aí sim sediarmos uma Copa do Mundo? Mas com a consciência tranquila de que os valores básicos não foram violados e as prioridades "da sociedade" não foram trocadas.

Agora não tem como voltar atrás, perdemos mais uma oportunidade de ter o nosso dinheiro investido para o nosso bem e desenvolvimento COLETIVO.