sexta-feira, 28 de maio de 2010

A emoção que muda as prioridades e ignora valores

Manchete tão sonhada pelos brasileiros: "Brasil confirmado como país sede da Copa de 2014".
Bacana, não? Do ponto de vista de divulgação da marca Brasil no mundo e oportunidade de crescimento do turismo, sim, inegável. Mas será que é o momento certo? Temos tantas outras prioridades... Todo mundo sabe disso, o governo sabe disso, as pessoas sabem disso, mas aceitaram deixar para depois o que nos é gritante como a falta de segurança, a calamidade na saúde pública, a sucateada malha viária brasileira, a educação precária...
Vejam como é simples. O que você priorizaria para os seus filhos? Eu priorizaria educação, saúde, segurança, oportunidades de emprego, cultura, esporte, etc. Por que para o governo a prioridade não é essa? se ele é o "contratado" por nós, gerindo os recursos oriundos dos impostos que pagamos, para nos fornecer estas prioridades de forma coletiva utilizando dos benefícios do ganho de escala?
Onde entra a saúde, a educação de qualidade, a segurança, nos investimentos para a Copa? Mudaram as prioridades? Como assim? A Copa estava no discurso dos candidatos nas eleições e eu não vi? Ahhh... inverteram as prioridades mesmo.

Nesta semana, outra manchete: "Governo e município encontram solução para investir dinheiro público em estádio privado para a realização da Copa. Dinheiro poderia vir de estatal de energia elétrica".
Eu li e imediatamente fiquei indignado. Não posso estar lendo isso, o dinheiro do povo sendo investido num bem particular para realização de um evento que nem deveria estar acontecendo aqui? Inacreditável. E mais inacreditável é um certo Deputado, líder do projeto, alegar que o investimento será bom para as duas partes, clube dono do estádio que receberá o investimento e a estatal fornecedora de energia elétrica. Não precisa ser nenhum doutor em marketing, mercadologia ou economia para saber que uma estatal, monopolista e com 100% de penetração no mercado, NÃO VAI ter retorno algum com este tipo de investimento. A não ser que ela queira valorizar a sua marca para ser privatizada.

Queria chegar num questionamento, por que não termos um plano de desenvolvimento baseado em pilares de sustentação econômica e social, durante duas ou três décadas, e após isso, resolvidos todos os problemas sociais, estruturais e políticos, aí sim sediarmos uma Copa do Mundo? Mas com a consciência tranquila de que os valores básicos não foram violados e as prioridades "da sociedade" não foram trocadas.

Agora não tem como voltar atrás, perdemos mais uma oportunidade de ter o nosso dinheiro investido para o nosso bem e desenvolvimento COLETIVO.

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